São 3 da manhã de sexta em Bertioga, preciso dormir. Amanhã cedo termino de arrumar os últimos detalhes da logística da corrida. Zzzzzz... O quê? Despertador? Já são 6 horas? Nossa, nem parece que dormi. Bom, vamos lá, correria.
A prova não permite equipes de apoio, o que nos obriga a sermos auto-suficientes durante todo o percurso. É permitido apenas utilizar um saco e uma caixa de reabastecimento, entregues à organização, para serem disponibilizados durante o percurso, em pontos estratégicos.
Agora já são quase 11 da manhã de sábado (05/09), e a buzina do Lucas (organizador) é acionada freneticamente. Vamos lá galera, temos 300 km a percorrer pela frente! Estamos todos correndo em direção ao primeiro posto de controle (PC 01), por uma pequena perna de Canyoning (corrida por dentro do rio, pelas pedras). Ao encontrar o PC, voltamos correndo pela estrada de terra que segue o rio, e que agora virou uma trilha. Um bicho-preguiça abraçado a um galho observa sem entender nada a pressa das pessoas que por ali passam.
Reparo nas equipes ao meu redor e percebo que não há meninos, mas homens e mulheres fortes e determinados, que sabem o que vão encontrar pela frente. Aliás, são raros os iniciantes em uma prova como o Chauás, ainda mais se tratando de um Chauás com 300 km.
Encontramos o PC 02, subimos por um rasga-mato íngreme, com um forte desnível, até alcançarmos os trilhos do trem, que contornam a montanha. Túneis e vista para um vale no meio da Serra do Mar compõem um visual lindo, mesmo com o tempo nublado. Encontramos o PC 03 e despencamos em alta velocidade por uma trilha até as bikes, para a primeira perna de aproximadamente 20 km. Só 20 km? Ah facinho!
Engano meu. Praticamente só subida.
A pista sobe margeando a Rodovia dos Imigrantes, e está sendo aberta para utilização turística. Durante esta perna de bike, muita subida de serra e cachoeiras na sua margem.
Estamos a uma boa velocidade, ultrapassando muitas equipes, mas precisamos guardar energia, a prova apenas começou! No final da subida, um singletrack (trilha única, bem fina, tipo um caminho de vaca), cuja chuva nos presenteia com um pouco de lama e empurra-bike. A noite começa a cair, estamos no PC 05, e saímos de trekking lado a lado com uma equipe nota 10: Cosa Nostra/Papaventuras. Grandes navegadores!
Aqui a navegação se complica um pouco, temos que acertar o braço certo da Represa Billings, onde estão as canoas e ducks (caiaques duplos infláveis). Deu certo!
Estamos remando há menos de 10 minutos, mas a neblina tampa totalmente nossa visão. Cadê a frente do duck? Sinistro. Bom, o jeito é seguir minha amiga bússola a 44º, e tomara que não tenha nada na frente. Opa, entramos num braço errado da represa! Desculpe Rose, já vamos corrigir a rota.
Chegamos ao fim do remo, vamos trocar essa roupa molhada, tomar uma coca e comer um cachorro quente. Trekking até o PC 09. O sono me consome, vamos dar uma dormidinha de 20 minutos no aconchegante asfalto. Minutos revigorantes, porque agora vem a parte mais dura da prova: a descida de trekking margeando a cachoeira.
Segundo a organização, a prova seria toda por trilhas turísticas, e de orientação média, mas não acreditei muito. Para uma prova do Lucas, deve-se sempre vir preparado para o pior. A trilha da cachoeira é perigosa, pois além de íngreme, um tanto escorregadia. Um acidente aqui pode ser fatal. Mas é disso que gostamos. Sem falar na grande cachoeira, que agora aparece imponente no meio da trilha. Presente de Deus. Desligando a lanterna temos uma visão perfeita dela, e vale à pena perdemos alguns segundos contemplando.
Já faz 7 horas que estamos descendo até o pé da serra, em Cubatão, e um encontro com os sacos de reabastecimento. Comida, mais um pouco de sono, e agora a subida de 7 km da serra pelos Caminhos do Mar, onde uma nova amiga nos acompanha: uma cachorrinha vira-latas.
Pegamos as bikes e ela continua conosco. Muita lama, bikes pesadas. Não sei por que ela se apegou tanto a nós (e nós a ela), mas ela já está por 45 km conosco. Ela não consegue mais nos acompanhar daqui em diante, pois entramos em um trecho de asfalto, onde é alta a velocidade das bikes. Obrigado pelos momentos juntos, mas sua casa é aqui (em algum lugar).
Chegamos a Paranapiacaba, uma linda cidade no meio da serra, que surgiu como centro de controle operacional e residência para os funcionários da companhia inglesa de trens São Paulo Railway - estrada de ferro que possibilitava o transporte de cargas e pessoas do interior paulista para o porto de Santos.
A perna de pedal termina no Parque das Neblinas, onde estão nossas caixas de reabastecimento! Yeah, comida, roupas secas, meias novas, hipoglós!
Vai começar mais um trecho de trekking com descida acentuada margeando a cachoeira. Opa, essa novela eu já vi! Já é meia-noite, melhor dormirmos mais 20 minutinhos dentro desse caminhão, pois será uma árdua descida. Não tanto quanto a primeira, pois dessa vez não é tão molhada. Algumas cobras e gambás depois, chegamos ao pé da serra, ao raiar do dia.
De acordo com informações da organização, a canoagem final foi cortada, pois o rio estava um pouco perigoso por causa das chuvas. Então pegamos nossas bikes de novo, e agora faltam 25 km planos para a chegada. Revezando o vácuo com nossos amigos da Advogado Aventureiro, estamos a 35 km/h com vento contra. Parece que a prova começou, tamanha a disposição e felicidade de chegar ao final. Além disso, o melhor de tudo é que, depois de 43h40 minutos de prova, terminamos em primeiro na categoria dupla mista!
Gostaria de parabenizar a organização da prova (Lucas e Fran), e agradecer a todas as pessoas que contribuíram para chegarmos até aqui: Arthur e Rodolfo da ARS, Rose pela paciência com minha falta de experiência em provas longas, Euder (Advogado Aventureiro), Togumi (Adventuremag), meus pais, e minha namorada pela força nos treinos. E parabéns também a todas as equipes que completaram a prova, pois não foram muitas! Tomara que a cadelinha esteja bem!
A equipe ARS corre com o patrocínio de São Francisco Clínicas e High Tech Imports, e com o apoio da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Academia Wellness, The Pilates Studio, Unaerp, Só Suplementos, Pães Sollare, Bike Mais e Klebão Lanches.
Site da ARS: http://www.arsaventura.com.br
A prova não permite equipes de apoio, o que nos obriga a sermos auto-suficientes durante todo o percurso. É permitido apenas utilizar um saco e uma caixa de reabastecimento, entregues à organização, para serem disponibilizados durante o percurso, em pontos estratégicos.
Agora já são quase 11 da manhã de sábado (05/09), e a buzina do Lucas (organizador) é acionada freneticamente. Vamos lá galera, temos 300 km a percorrer pela frente! Estamos todos correndo em direção ao primeiro posto de controle (PC 01), por uma pequena perna de Canyoning (corrida por dentro do rio, pelas pedras). Ao encontrar o PC, voltamos correndo pela estrada de terra que segue o rio, e que agora virou uma trilha. Um bicho-preguiça abraçado a um galho observa sem entender nada a pressa das pessoas que por ali passam.
Reparo nas equipes ao meu redor e percebo que não há meninos, mas homens e mulheres fortes e determinados, que sabem o que vão encontrar pela frente. Aliás, são raros os iniciantes em uma prova como o Chauás, ainda mais se tratando de um Chauás com 300 km.
Encontramos o PC 02, subimos por um rasga-mato íngreme, com um forte desnível, até alcançarmos os trilhos do trem, que contornam a montanha. Túneis e vista para um vale no meio da Serra do Mar compõem um visual lindo, mesmo com o tempo nublado. Encontramos o PC 03 e despencamos em alta velocidade por uma trilha até as bikes, para a primeira perna de aproximadamente 20 km. Só 20 km? Ah facinho!
Engano meu. Praticamente só subida.
A pista sobe margeando a Rodovia dos Imigrantes, e está sendo aberta para utilização turística. Durante esta perna de bike, muita subida de serra e cachoeiras na sua margem.
Estamos a uma boa velocidade, ultrapassando muitas equipes, mas precisamos guardar energia, a prova apenas começou! No final da subida, um singletrack (trilha única, bem fina, tipo um caminho de vaca), cuja chuva nos presenteia com um pouco de lama e empurra-bike. A noite começa a cair, estamos no PC 05, e saímos de trekking lado a lado com uma equipe nota 10: Cosa Nostra/Papaventuras. Grandes navegadores!
Aqui a navegação se complica um pouco, temos que acertar o braço certo da Represa Billings, onde estão as canoas e ducks (caiaques duplos infláveis). Deu certo!
Estamos remando há menos de 10 minutos, mas a neblina tampa totalmente nossa visão. Cadê a frente do duck? Sinistro. Bom, o jeito é seguir minha amiga bússola a 44º, e tomara que não tenha nada na frente. Opa, entramos num braço errado da represa! Desculpe Rose, já vamos corrigir a rota.
Chegamos ao fim do remo, vamos trocar essa roupa molhada, tomar uma coca e comer um cachorro quente. Trekking até o PC 09. O sono me consome, vamos dar uma dormidinha de 20 minutos no aconchegante asfalto. Minutos revigorantes, porque agora vem a parte mais dura da prova: a descida de trekking margeando a cachoeira.
Segundo a organização, a prova seria toda por trilhas turísticas, e de orientação média, mas não acreditei muito. Para uma prova do Lucas, deve-se sempre vir preparado para o pior. A trilha da cachoeira é perigosa, pois além de íngreme, um tanto escorregadia. Um acidente aqui pode ser fatal. Mas é disso que gostamos. Sem falar na grande cachoeira, que agora aparece imponente no meio da trilha. Presente de Deus. Desligando a lanterna temos uma visão perfeita dela, e vale à pena perdemos alguns segundos contemplando.
Já faz 7 horas que estamos descendo até o pé da serra, em Cubatão, e um encontro com os sacos de reabastecimento. Comida, mais um pouco de sono, e agora a subida de 7 km da serra pelos Caminhos do Mar, onde uma nova amiga nos acompanha: uma cachorrinha vira-latas.
Pegamos as bikes e ela continua conosco. Muita lama, bikes pesadas. Não sei por que ela se apegou tanto a nós (e nós a ela), mas ela já está por 45 km conosco. Ela não consegue mais nos acompanhar daqui em diante, pois entramos em um trecho de asfalto, onde é alta a velocidade das bikes. Obrigado pelos momentos juntos, mas sua casa é aqui (em algum lugar).
Chegamos a Paranapiacaba, uma linda cidade no meio da serra, que surgiu como centro de controle operacional e residência para os funcionários da companhia inglesa de trens São Paulo Railway - estrada de ferro que possibilitava o transporte de cargas e pessoas do interior paulista para o porto de Santos.
A perna de pedal termina no Parque das Neblinas, onde estão nossas caixas de reabastecimento! Yeah, comida, roupas secas, meias novas, hipoglós!
Vai começar mais um trecho de trekking com descida acentuada margeando a cachoeira. Opa, essa novela eu já vi! Já é meia-noite, melhor dormirmos mais 20 minutinhos dentro desse caminhão, pois será uma árdua descida. Não tanto quanto a primeira, pois dessa vez não é tão molhada. Algumas cobras e gambás depois, chegamos ao pé da serra, ao raiar do dia.
De acordo com informações da organização, a canoagem final foi cortada, pois o rio estava um pouco perigoso por causa das chuvas. Então pegamos nossas bikes de novo, e agora faltam 25 km planos para a chegada. Revezando o vácuo com nossos amigos da Advogado Aventureiro, estamos a 35 km/h com vento contra. Parece que a prova começou, tamanha a disposição e felicidade de chegar ao final. Além disso, o melhor de tudo é que, depois de 43h40 minutos de prova, terminamos em primeiro na categoria dupla mista!
Gostaria de parabenizar a organização da prova (Lucas e Fran), e agradecer a todas as pessoas que contribuíram para chegarmos até aqui: Arthur e Rodolfo da ARS, Rose pela paciência com minha falta de experiência em provas longas, Euder (Advogado Aventureiro), Togumi (Adventuremag), meus pais, e minha namorada pela força nos treinos. E parabéns também a todas as equipes que completaram a prova, pois não foram muitas! Tomara que a cadelinha esteja bem!
A equipe ARS corre com o patrocínio de São Francisco Clínicas e High Tech Imports, e com o apoio da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Academia Wellness, The Pilates Studio, Unaerp, Só Suplementos, Pães Sollare, Bike Mais e Klebão Lanches.
Site da ARS: http://www.arsaventura.com.br
Meu masoquista favoriiiito!!!
ResponderExcluirThe Guerras Legacy! Yeah! :)
ResponderExcluircongratulaciones, fela!
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