terça-feira, 22 de abril de 2014

Camiño Salkantay / Peru (2014)

Cusco, Peru. Acordo no hostel um pouco antes do despertador, que estava marcado para 4h da manhã, e cuidadoso para não acordar meus colegas de quarto. Em alguns minutos depois, e em uma temperatura agradável, caminho sonolento com uma mochila de 15 kg, rumo à van que me levará ao distrito de Mollepata. Lá se inicia o remoto Caminho Salkantay, utilizado pelos incas para ir a pé de Cusco a Machu Picchu. É uma rota alternativa ao tradicional e famigerado Caminho Inca, entre outras trilhas que levam à cidade perdida inca. O nome se deve ao Monte Nevado Salkantay, uma montanha da Cordilheira dos Andes cujo cume atinge 6.271 m em relação ao nível do mar.

As temperaturas nesta trilha variam entre -5ºC a 26ºC, e o relevo contempla altitudes suportáveis entre 1.800 m e 4.650 m. Uma região com o predomínio de montes nevados e vigorosas matas fechadas, terras áridas, pedregosas e muitos vales férteis com rios e cachoeiras.

Em Cusco (405.842 habitantes, de acordo com o senso de 2012) há muitas agências que organizam toda a estrutura para este trekking, disponibilizando guias, carregadores de tralhas (alguns com cavalos), e refeições durante todos os dias de travessia, que pode de 4 até 7 dias, dependendo do nível de condicionamento físico do grupo. A minha meta é fazer o mesmo caminho sem guia e sozinho, auto-suficiente quanto a comidas e equipamentos, e orientando-me apenas com um mapa topográfico e bússola (sem auxílio de aparelhos eletrônicos, como GPS). E em fevereiro, período que chove praticamente o tempo todo na região. E... em apenas três dias!

Mas não estava nos meus planos aterrissar em Lima somente com minha mala de mão e a roupa do corpo, pois a minha mochila, despachada no Brasil e contendo todos os meus equipamentos para trekking em alta montanha, havia sido extraviada pela companhia aérea. Após dois dias de tentativas frustradas tentando recuperar a bagagem, me dei por vencido e peguei o voo para Cusco, capital do Império Inca. A minha travessia começa aqui, na luta para encontrar os equipamentos que agora me faltam, os quais não são facilmente encontrados em qualquer esquina.

Alguns dias depois, e com (quase) todos os equipamentos já em mãos, aguardo dormindo acordado na van, para as duas horas de estrada até o início da trilha.      


1º dia: de Mollepata a Huayrac Machay / Tempo total: 8h58 (29/01/2014)
Curvas estonteantes e precipícios vertiginosos na serra sentido Mollepata me fazem sentir uma leve admiração pela destreza e habilidade do motorista da van, que dirige em alta velocidade nas curvas, mesmo com a densa neblina. Mas era um tanto que desconfortável todas as (muitas) vezes em que a van beijava a beira do precipício, e dava - ou nem dava - pra ver o fundo do abismo.

Chego em Mollepata (2.830 m de altitude) às 7h56, e atravesso "para cima" o pequeno e pobre vilarejo até a entrada da trilha, com uma pequena parada para comprar alguns pães doces peruanos. As pessoas que aqui moram são simpáticas, e sempre dispostas a dar informações. Tempo ainda encoberto por forte neblina, comprometendo a visibilidade. Entro na trilha às 08h13, com boas condições climáticas, e alguma cerração.

Em um ritmo rápido, passo caminhando por um casal com uma pequena criança subindo a trilha, no mesmo sentido que eu, e me cumprimentam alegremente. Uma subida sinuosa, com muitas curvas e cotovelos para facilitar a escalada da cordilheira. Durante algumas vezes, os encontro novamente, pois eles conhecem atalhos que transpõem as curvas, e de repente aparecem na minha frente. Divertidos, tiram onda na minha cara, e todos rimos muito da minha burrice. Daqui até o ponto mais alto do primeiro dia é uma grande subida, e logo no começo já sinto os efeitos da altitude. Paro para pegar algumas folhas de coca na mochila, e tirar a parte debaixo da minha única calça, comprada em uma loja de equipamentos de aventura barata de Cusco. Alívio na sensação térmica e também na visibilidade, pois o tempo está limpando, o que favorece a orientação com o bom mapa que comprei em uma livraria, também em Cusco.

Chego a Cruzpata, onde no mapa indica um ponto de descanso. Aqui já percorri 8 km, e são 9h40 da manhã. Só há um convidativo quiosque vazio e um mirante para o vale, mas resolvo não parar.

Durante a subida, ao mesmo tempo que a - até então larga - trilha se afunila, a chuva começa a cair forte, lavando a alma, os tênis, a mochila, o menino. Estou na beira de uma fenda abissal, e avisto uma casinha junto à uma cabana, poucos metros acima. Em uma rápida parada para pegar a capa de chuva, sob o abrigo da cabana, que até então eu imaginava ser habitada apenas por galinhas, ouço um choro de criança. E eis que surge uma pequena família: a mãe e suas duas crianças bem pequenas. Cumprimento, explico minhas intenções, pergunto por informações, peço para tirar uma foto deles. Quando mostro a câmera, Marta, a mãe tímida, correu para dentro da casa, cobrindo o rosto. Mas as crianças não se intimidam com a lente. Como pode uma família viver em uma casa tão erma?


Pouco mais tarde, ao atingir uma altitude de 3.830 m, avisto os primeiros sinais de neve em um monte em frente. Progredindo bem, raciocínio e atenção perfeitos.

Às 12h12, e após 4h04 caminhando, alcanço Soraypampa (3.880 m de altitude), um vale usado como acampamento pelas expedições guiadas, nos arredores do monte nevado Humantay (5.317 m); vale que é conhecido pelas expedições como o "Primeiro Acampamento". Mas não para mim. Há um minúsculo bar em uma fazenda, onde não existem geladeiras, mas encontro alguns Gatorades à venda, por 10 soles cada! Tudo "ao tiempo", ou seja, à temperatura ambiente. 


O Nevado Humantay é imponente, sólido, mas amigável. Há neve a partir de uma certa altura apenas. O clima de alta-montanha se intensifica: vida humana cada vez mais escassa, ar rarefeito, temperaturas caindo, neve de alguns dias atrás. Fantástico.

Após deixar Soraypampa, a trilha começa a ficar cada vez mais íngreme. A chuva aumenta, a temperatura cai. Coloco mais roupas sob a capa, e sigo para o alto. As pedras na trilha estão, a cada passo, a cada metro, em maior sintonia comigo. Minha mochila, fabricada em Cusco e relativamente pesada no início, já é parte do meu corpo. São 13h38, e eu estou a 4.170m de altitude, quando olho em direção noroeste, e avisto algo incrível. Uma montanha branca, completamente coberta de neve até a base. Imponente, selvagem, e autoritária. Experiente mas hostil, para quem a subestima. Bastava um giro de 360º para ver que é a mãe de todas as outras montanhas da região. Checo o mapa para ter certeza de onde acho que estou, e estou certo. Salkantay.

Chorei. 

Continuo subindo por um vale entre os montes nevados, subindo por trilhas pedregosas, e atravessando rios gelados. As nuvens ora cobrem Salkantay, ora me deixam contemplar seu cume. Encontro um acampamento bem estruturado, onde cinco ou seis guias e carregadores estão terminando de limpar a "cozinha" para então levantar o acampamento de um casal gay inglês. Um dos ingleses, com várias camadas de roupas para o frio, me diz em uma mistura de inglês com português: "Crazy guy! Não sente frio? Está apenas de shorts! It's freezing!". O bom português se deve às várias visitas ao Brasil para visitar a irmã, que mora em São Paulo. Não sinto frio pois estou em constante movimento, e isso me ajuda a pensar com clareza e continuar concentrado no mapa. Mas nem tentei me explicar.

Vou esperar chegar mais perto do Nevado Salkantay para ter uma melhor visibilidade e tirar algumas fotos. Mas a câmera não saiu mais do saco de estanque, uma vez que a chuva só ia parar no outro dia.

A chuva aumenta, e o caminho começa a ficar cada vez mais duro, o que indica que estou em uma parte crítica, e talvez a mais difícil deste dia: El Paso. Compreende uma trilha íngreme, na beira de um precipício magnífico, onde preciso "escalaminhar" um longo e lento trecho. A navegação aqui é complicada, pois há um emaranhado de trilhas, e não há visibilidade. O trecho compreende um fabuloso desfiladeiro entre grandes montanhas. Densa neblina, o que estabelece de uma vez por todas o clima de alta montanha. Ou seriam nuvens? Espero que não seja um sonho.

Algumas horas depois, e ainda na subida, checo meu altímetro: 4.650 metros. Estou no trecho mais alto do trekking, aos pés do Nevado Salkantay! Com temperatura de 0º C, a sensação térmica me preocupa um pouco, porque meu corpo treme involuntariamente. Estranho, pois ainda em vigoroso movimento, e com as extremidades bem protegidas. Cabeça e mãos abrigados, mas... Mãos? Primeiro (e talvez único) erro detectado: eu não usava luvas a prova d'água.

Quando minha mochila foi extraviada, tive que comprar novamente muitos equipamentos em Cusco, e alugar outros. Luvas impermeáveis são caras, e não teriam tanta utilidade no Brasil, por causa das altas temperaturas. Eu tentei economizar comprando luvas peruanas de crochê (5 soles), ao invés de comprar o equipamento correto, à prova d'água. Imaginei que iria achar minha mala de um jeito ou de outro, e não fazia sentido eu ficar com dois pares dessas luvas, pois as uso raramente. Ledo engano.

Retiro a luva para checar os dedos que já estão dormentes há algumas horas, e para minha surpresa, as pontas de todos estão roxas, de um tom próximo ao negro. O meu raciocínio já não está mais tão claro, e eu sinto uma leve confusão mental, provavelmente causada pela altitude somada ao frio extremo. Preciso pensar serenamente.

Paro para tirar todas as comidas para as próximas duas horas da mochila, e as coloco em algum lugar de fácil acesso, de forma que eu não precise parar mais. Olho para cima, e vejo pela última vez o topo do Salkantay. A neve reflete a luz do sol. Agradeço a Deus por estar ali, agradeço a montanha por me receber em sua base, e em sinal de respeito, me curvo. Sei que será a última vez que a verei de tão perto nesta viagem. Ou para sempre.

Tudo pronto, desço correndo e sem olhar para trás, com o objetivo de me aquecer, e chegar em algum lugar seguro para montar minha barraca. Quase trombo em uma placa que surgiu no meio das brumas, informando a altitude: 4.650 m. Desvio, e continuo a descer a trilha, onde todas as suas pedras são soltas. Trail run!

Por volta de duas horas mais tarde, ao passar por um lodge no meio do nada, encontro uma espécie de "garagem", onde monto minha barraca e me estabeleço. Às 17h23, mesmo depois de arrancar toda minha roupa molhada e me enfiar nu dentro do saco de dormir alugado, não consigo parar de tremer. Abro meu kit de primeiros socorros para pegar meu cobertor de emergência, que nada mais é que um lençol de alumínio usado para aquecimento corporal. Em aproximadamente 5 min após me enrolar no cobertor de emergência e voltar para o saco de dormir, os tremores cessam, e consigo dormir, cansado. Home sweet home. Boa noite!


2º dia: de Huayrac Machay a Santa Teresa / Tempo total: 8h24 (30/01/2014)
Por volta de 6h30 eu já estou de pé e prestes a levantar acampamento, faminto por um café da manhã que vou dividir com um novo amigo peludo de raça indefinida. Acordei várias vezes na madruga para ir ao congelante banheiro ao ar livre e comer, e voltei rapidamente a dormir. Foi uma ótima e regenerativa noite de sono, a 3.915 m de altitude.

Acordo muito bem física, mental e espiritualmente, e perco muitos minutos contemplando a paisagem. Estou na base de grandes montanhas, onde as nuvens vão se deslocando lentamente para que eu possa ver a beleza do lugar. Não queria ir embora, apenas morar ali por alguns dias. Há uma gruta um pouco abaixo de onde acampei, e ao redor, uma pampa, de pasto verde reluzente. Nas bases das montanhas, florestas verdes, saudáveis, intocadas. Reflito sobre minha economia com as luvas, que por pouco não me custou muito caro - talvez minha vida.


Penduro minhas roupas molhadas do lado de fora da mochila, e às 7h37 começo a descer. Com o tempo limpando, despenco montanha abaixo! À medida que vou descendo, a paisagem muda, onde os vales, antes cercados por montanhas nevadas, agora dão lugar à Floresta Amazônica, repleta de cachoeiras por todos os lados, densas matas, rios com fortes correntezas e sítios arqueológicos. Muita lama pelo caminho, decorrente da chuva de ontem. Tento contar quantas cachoeiras eu vejo na montanha paralela à trilha que sigo, à minha direita, mas perco a conta muitas vezes, e desisto. Incrível a quantidade de água proveniente desta montanha que chora, cujas lágrimas alimentam as correntezas do rio que segue paralelo a mim.


Às 9h52, e com aproximadamente 2h15 de trekking até agora, alcanço Chaullay, um outro vilarejo usado como acampamento por quem aqui caminha. Compro um Gatorade na vendinha do vilarejo, como algo, sigo viagem. Atravesso uma ponte em cima do Rio Santa Teresa, e mudo completamente o azimute (em outras palavras, o rumo) da minha trilha, onde a partir de agora tenho que seguir quase totalmente para norte. 

Me dou conta que estou indo para a direção certa, porém preciso atravessar para uma trilha que está do lado esquerdo do intransponível rio Santa Teresa, e daqui de cima da montanha não vejo pontes. Porém, ao encontrar duas crianças pelo caminho, peço informações sobre como transpor o rio, e elas me chamam para segui-las até uma espécie de tirolesa. São duas menininhas tímidas e de poucas palavras, que trabalham provavelmente na agricultura, carregando sacos de folhas e raízes, e acompanhadas de um cão. Atravessamos o rio um de cada vez neste carrinho suspenso. Primeiro uma das crianças, depois eu, depois a outra, com seu cão. Cair no rio seria fatal, pois as correntezas são assustadoras. O balançar do carrinho parece perigoso. Mas depois que vejo a naturalidade das crianças ao se equilibrarem ao mesmo tempo que recolhem a corda para tracionar a estrutura metálica, deixo a tensão de lado. Fiquei pensando se algum canoísta extremo já se aventurou por essas corredeiras alguma vez. Seria possível?


Já do outro lado do rio, e depois de agradece-las e me despedir, sigo trotando para outro vilarejo, La Playa, pouco maior que os outros que passei até então. La Playa, além de ser outro ponto de pernoite para muitos, também costuma ser o ponto final da travessia para algumas pessoas, que preferem seguir daqui até Machu Picchu de van, serviço incluso em muitos pacotes das agências. Paro rapidamente para comer e conversar com um guia, que me garantiu que eu não conseguiria chegar hoje à Santa Teresa, a menos que eu pedisse carona pelo caminho. Mas a teimosia típica dos taurinos ativou novamente o senso desafiador, e parti em um trote tentando ganhar tempo.

8h24 depois que saí do meu último local de pernoite, consigo chegar ao destino do segundo dia: Santa Teresa. Uma cidadela estrategicamente posicionada na junção de três rios importantes para a região, pois formam a hidrelétrica. Lembrei do guia que me disse que eu não iria conseguir chegar hoje, e ri por dentro. Não dele, mas de alegria.

Pouco mais tarde, e depois de jantar pela segunda vez, volto para a hospedaria na qual aluguei um quartinho, com cama e chuveiro quente. Quanta mordomia! Na mesma hospedaria há outros três grupos de pessoas acampadas, que estão fazendo a mesma trilha que eu. São grupos de diversos países diferentes, que estão já há vários dias caminhando, com ajuda dos carregadores e de vans. As vans são utilizadas para transportar as bagagens de todos, e também transportar o próprio grupo em trechos mais difíceis e exigentes fisicamente, nos poucos trechos de acesso a veículos motorizados.

Chegando na hospedaria, vejo uma fogueira na porta do meu quarto, música, e todas as pessoas reunidas. Conheci e conversei praticamente com todas as pessoas dos grupos, cada qual com sua distinta procedência. Finlândia, Estados Unidos, Canadá, Suécia, Chile, Brasil, entre outros que não lembro. Noite feliz, de muitos novos amigos e cervejas peruanas!


3º dia: de Santa Teresa a Águas Calientes / Tempo total: 3h22 (31/01/2014)
Me dei o luxo de acordar um pouco mais tarde hoje, quase oito da manhã. Fiz isso baseado nas informações da minha carta topográfica, que me dizia claramente que o último trecho seria mais curto, e sem subidas íngremes ou muito longas. Eu costumo acreditar nesses mapas. O caminho segue margeando as fortes corredeiras do Rio Urubamba, afluente do Rio Ucayali (que mais abaixo recebe o nome de Rio Amazonas, e segue para o Brasil).
Os outros grupos que passaram a noite no mesmo camping que eu já partiram há algum tempo para o trekking final até Água Calientes.

Saio da cidade e sigo pela estrada em sentido leste, rumo à hidrelétrica. O visual é deslumbrante, pois algumas cachoeiras brotam das montanhas no decorrer do caminho. A estrada cruza o rio Urubamba constantemente, através de largas pontes. São estradas de serviço, populadas pelos funcionários da hidrelétrica, e por muitas vans carregando turistas para Machu Picchu. Não vejo ninguém a pé por este trecho, apenas eu. 




Ao chegar na hidrelétrica, após assinar o livro de identificação na entrada, o caminho passa a seguir trilhos de trem, repletos de turistas. Estes, costumam vir até aqui de ônibus ou vans, e daqui até Machu Picchu seguem caminhando. Neste trecho há um grande trânsito de turistas, indo e voltando para Águas Calientes e Machu Picchu. Como não há hospedagem em Machu Picchu, os turistas se hospedam na charmosa Águas Calientes, uma cidade no estilo peruano-moderno, erguida em meio às montanhas.


Como era o último dia até o destino final da minha empreitada, resolvo gastar o que me sobrou em termos de pernas, e corro o máximo de tempo que consigo, não por pressa, mas pelo prazer do vento soprando na cara. Bons ventos peruanos. Ao longo deste trecho, encontro todos os grupos que conheci ontem, na hospedaria de Santa Teresa, mas não paro para conversar. Estou em lua de mel com a trilha, e não posso ser interrompido.

Ao entrar em Águas Calientes, somado a um gostoso cansaço físico, tenho uma indescritível sensação de gratidão. Gratidão à todas as pessoas que de alguma forma ajudaram e conspiraram para que eu possa concluir meus 88 km (parece pouco, mas há um grande desnível positivo). Sem surpresas, sem lesões. Mas se surpresas se fizessem presentes, eu teria alternativas à elas. Meu planejamento deu certo, incluindo iniciativa, execução e "acabativa". Sem "oba-oba", e com muito pé no chão, e um rigoroso planejamento estratégico. Em se tratando de expedições e travessias, é preciso haver um plano B para tudo. Tudo.


Ressalto que não recomendo que alguém faça o mesmo caminho sozinho, e no pouco tempo que fiz. Sozinho, o risco de se perder é maior, mesmo que a pessoa tenha experiência em navegação cartográfica, pois em muitos trechos a visibilidade é ruim (muita neblina); há um alto grau de exigência física, além das baixas temperaturas e muita chuva. Em caso de acidentes, uma pessoa sozinha precisaria se auto-resgatar, o que não seria muito simples ou mesmo fatal, dependendo da gravidade do acidente. Além disso, creio que ao fazer a travessia em mais de três dias há um aproveitamento contemplativo mais intenso, onde haverá mais tempo para ter um contato ainda mais profundo com os locais e conhecer outros detalhes do caminho, o qual não tenho mais palavras para definir.



Dia seguinte (31/01/2014)
Acordo às 4h da manhã, sem a mínima vontade de andar mais, e decidido a pegar o primeiro ônibus à Machu Picchu, que sairia às 4h30 da manhã. De café tomado, chego na estação terrestre, mas só vejo poucos funcionários da empresa de ônibus sentados.

- Bom dia! Que horas sai o primeiro ônibus para Machu Picchu?
- Extraordinariamente hoje, os ônibus só sairão a partir das 7h da manhã, pois estão quebrados - responde um funcionário.
- Se eu for caminhando, gasto quanto tempo até lá? - pergunto.
- Uma hora e meia.

Olho no meu ticket para entrar em Machu Picchu, e nele há uma informação dizendo que preciso estar lá às 7h em ponto, horário agendado para subir na montanha Huayna Picchu. Bom, não posso esperar o ônibus das 7h: lá vou eu de novo, a pé. No melhor estilo mochilão cru, simples e natural. Como os incas.











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